ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES DO COLÉGIO MARIA AUXILIADORA
A educação transforma pessoas e constrói realidades.
TEMPOS MUTANTES, TEMPOS DIFÍCEIS
"O mundo vive conturbada e longa transição. Os modelos econômicos não conseguem mais prever com precisão o que vai acontecer na economia nos próximos meses. Setores que antes indicavam as tendências para o conjunto da economia já não têm esse poder. A estrutura produtiva está em metamorfose. [...] Como dar sentido a essa vida em turbilhão? Por que as pessoas vivem assombradas pela ameaça de colapso em várias dimensões da vida social que estão muito melhores do que na virada do milênio? As informações e os eventos com carga positiva são rapidamente assimilados e incorporados ao nosso cotidiano. As informações e os eventos com carga negativa persistem por muito tempo na memória, como alertas dolorosos de desastres por vir. Mesmo na vida cotidiana é assim. [...] Apesar de sermos habitantes de um mundo em transformação, com numerosos avanços positivos e ganhos significativos de qualidade de vida, possibilidades tecnológicas, sociabilidade, temos mais propensão à distopia que à utopia, ao desalento que à esperança. Sinal de tempos incertos, das situações ambivalentes, das ameaças que nos espreitam. Diante de eventos positivos e negativos em multiplicação, mesmo que o saldo seja positivo, a tendência é acentuar a soma dos negativos. Esse tempo suspenso entre duas eras, como disse Hermann Hesse, cria em nós uma inquietude, uma doença da transição, uma malaise existencial, que só se dissipará naquele ponto da travessia no qual a velha ordem estará toda no passado e a nova dominará o presente e o futuro." (ABRANCHES, 2017, p. 19-24).
Referência: ABRANCHES, Sérgio. A era do imprevisto: a grande transição do século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
A TENSÃO DA MUDANÇA
"É preciso saber equilibrar a tensão da flexibilidade com a rigidez. Existe uma tensão entre o que eu mantenho, que é a rigidez, e o que eu mudo, que é a flexibilidade. Como é que se vive essa tensão? Estamos vivendo a emergência de novos e múltiplos paradigmas. São novos tempos que exigem novas atitudes. Não dá para fazer a velha edição para as coisas que caminham em direção à excelência. No trajeto até o novo patamar é preciso lidar com uma tensão. Qual é a tensão? A tensão da mudança. Toda pessoa que precisa mudar corre um risco: o do desequilíbrio momentâneo. Quando aprendemos a andar de bicicleta, aprendemos a nos equilibrar lidando com a possibilidade de queda. Nenhum e nenhuma de nós nasceu sabendo andar. Quando alguém sofre um acidente e precisa fazer fisioterapia, há o preparo não apenas do músculo para voltar a andar, mas também do espírito, para que a pessoa saiba que corre os risco de desequilibrar-se. Coragem para enfrentar o desequilíbrio momentâneo é garantia de estabilidade mais adiante." (CORTELLA, 2010, p. 55-56).
Referência: CORTELLA, Mario Sergio. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. 10 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
A RELATIVIDADE DE NOSSAS DECISÕES E A CONFIANÇA EM DEUS
"Às
pessoas com dificuldade de decidir costumo perguntar o que as impede de
fazê-lo. Muitas vezes elas dizem que não sabem o que é certo; ou que têm a
impressão de não conseguir escolher um caminho entre as várias possibilidades.
Porque, posteriormente, elas poderiam descobrir que a outra escolha teria sido
melhor. Percebo concepções que impedem essas pessoas de decidir-se, devido às
imagens que fazem de si. Daí a importância de examinar as ideias que estão por
trás dessa incapacidade de tomar decisões. Uma dessas concepções pode ser o
perfeccionismo: as pessoas pensam que têm que tomar a decisão absolutamente
certa sempre. Mas não existe decisão absolutamente certa. Toda decisão é
relativa. Não nos é dado saber de antemão o que vamos encontrar no caminho escolhido.
Por isso, devemos aceitar a relatividade de nossa vida e de nossas decisões.
Aceitação esta que se mostra difícil para um perfeccionista. O perfeccionista
gostaria de ter domínio de tudo. E tomar uma decisão significa o contrário:
significa abdicar da segurança e abrir mão exatamente daquilo que se quer
manter. [...] Mas ao tomar uma decisão entregamos o controle. Confiamos a
decisão a Deus. Por isso, a falta de confiança também é algo que dificulta a
decisão. Não há garantias de que possamos avaliar todas as eventualidades num
processo decisório. Mesmo se levarmos em conta todas as informações obtidas,
ainda assim, não teremos certeza se a decisão tomada nos trará felicidade no
futuro. A bênção não depende somente de nossas ideias e cogitações - em última
análise, ela depende de Deus. Daí a necessidade da confiança em Deus, para que
nossas escolhas sejam por Ele abençoadas, permitindo que resultem em bênção
para nós e para os outros.” (GRÜN, 2014, p.35-37).
Referência: GRÜN, Anselm. O poder da decisão: na vida, nos relacionamentos, no trabalho e no cotidiano. Tradução Monika Müller. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
A CORRUPÇÃO FAZ PERDER O PUDOR QUE PROTEGE A VERDADE, A BONDADE, A BELEZA
"A corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver. O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autossuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém. Construiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas: passa a vida buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignidade e da dignidade dos outros. O corrupto tem sempre a cara de quem diz: "Não fui eu!". Aquela que minha avó chamava "cara de santinho". [...] A corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a bondade, a beleza. O corrupto muitas vezes não se dá conta do seu estado, do mesmo modo que quem tem mau hálito e não se dá conta. E não é fácil para o corrupto sair dessa condição por um remorso interior. Geralmente o Senhor o salva por meio das grandes provas da vida, situações que não pode evitar e que destroem a máscara construída pouco a pouco, permitindo assim à graça de Deus entrar". (FRANCISCO, 2016, p. 120-121).
Referência: FRANCISCO, Papa. O nome de Deus é Misericórdia. Tradução Catarina Mourão. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.
FOCO NO EU, NO OUTRO E NOS SISTEMAS MAIS AMPLOS DOS QUAIS SOMOS PARTE
No livro O Foco Triplo, Daniel
Goleman e Peter Senge descrevem três conjuntos de habilidades cruciais para se
orientar em um mundo acelerado de distrações crescentes e envolvimento pessoal
ameaçado, que chamam de foco no interno, foco no outro e foco no externo. O primeiro foco, o foco no interno, é a chave
para uma vida significativa, para se concentrar na tarefa imediata, ignorando
distrações e gerindo emoções inquietantes. O segundo tipo de foco é o da
sintonia com outras pessoas, ou da empatia. É a habilidade de compreender a
realidade alheia e se relacionar com ela da perspectiva do outro e não apenas
da própria. O terceiro tipo de foco, o foco no externo, implica compreender o
mundo mais amplo, o modo como os sistemas interagem e criam redes de interdependência.
“Como seres humanos, insistem os autores, precisamos sempre compreender o eu, o
outro e os sistemas mais amplos dos quais somos parte”. (GOLEMAN; SENGE, 2015,
p. 10).
Referência: GOLEMAN, Daniel; SENGE, Peter. O foco triplo. Tradução Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
O VAZIO MORAL DA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA
"O vazio moral da política contemporânea tem algumas explicações. Uma delas é a tentativa de banir do discurso público a questão dos ideais. Na esperança de evitar confrontos sectários, muitas vezes insistimos em que os cidadãos deixem suas convicções morais e espirituais para trás ao entrar na arena pública. Apesar da boa intenção, contudo, a relutância em aceitar na política argumentos sobre os ideais de vida abriu caminho para o triunfalismo de mercado e a constante ascendência do raciocínio mercadológico. [...] Mas nossa relutância em considerar os argumentos morais e espirituais, nesse movimento de adoção da lógica de mercado, veio a cobrar um preço alto: privou o discurso público de energia moral e cívica, e contribuiu para a política tecnocrática e gerencial que hoje aflige muitas sociedades." (SANDEL, 2012, p. 19).
Referência: SANDEL, Michael J. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado. Tradução Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
QUANDO PARAMOS NA CONJUNTURA CONFLITUAL, PERDEMOS O SENTIDO DA UNIDADE PROFUNDA DA REALIDADE
"O conflito
não pode ser ignorado ou dissimulado; deve ser aceito. Mas, se ficamos
encurralados nele, perdemos a perspectiva, os horizontes reduzem-se e a própria
realidade fica fragmentada. Quando paramos na conjuntura conflitual, perdemos o
sentido da unidade profunda da realidade. Perante o conflito, alguns se limitam
a olhá-lo e passam adiante como se nada fosse, lavam-se as mãos para poder
continuar com a sua vida. Outros entram de tal maneira no conflito que ficam
prisioneiros, perdem o horizonte, projetam nas instituições as suas próprias
confusões e insatisfações, e assim a unidade torna-se impossível. Mas há uma
terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o
conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo. Felizes
os pacificadores! (Mt 5,9)." (FRANCISCO, 2015, p. 131).
Referência: FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Laudato Si'. Sobre o cuidado da casa comum. Paulus, Loyola, 2015.
Referência: FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Laudato Si'. Sobre o cuidado da casa comum. Paulus, Loyola, 2015.
AS IDEIAS NOVAS ESTÃO NA FRONTEIRA, PORQUE ESSE É O LUGAR DO DIÁLOGO E DOS ENCONTROS
"É preciso ler, ler muito, ler devagar, coisas diversas, coisas inúteis. É preciso pensar, pensar muito, conquistar o tempo de pensar. Se não gostas de ler nem de pensar, podes tornar-te um bom técnico de questionários ou de entrevistas ou de estatísticas ou de outra coisa qualquer, mas não serás um bom investigador. Nunca de te esqueças que inteligência vem de inter-legere, da capacidade de interligar. E que complexidade vem de complexus, daquilo que é tecido em conjunto. Uma e outra necessitam de uma base de cultura que não se esgota na "caixa" de uma ciência só. O matemático conhecerá melhor o mundo, e a sua própria disciplina, se souber de filosofia; e o historiador se souber de física; e o economista se souber de filosofia; e o educador se souber de literatura e... por aí adiante... num entrelaçar de culturas que é a própria definição de cultura. As ideias novas estão na fronteira, porque esse é o lugar do diálogo e dos encontros." (NÓVOA, 2015, p. 15).
Referência: NÓVOA, António. Carta a um jovem investigador em Educação. Conferência de abertura do XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (Vila Real, 11 de setembro de 2014). In: Investigar em Educação. IIª Série, número 3, 2015.
NÃO PODEMOS VIVER SOZINHOS, FECHADOS EM NÓS MESMOS
"Hoje vivemos num mundo que está a tornar-se cada vez menor,
parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-se próximo uns dos
outros. [...] Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões, e às vezes
muito acentuadas. [...] Precisamos de harmonizar as diferenças por meio de
formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A
cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a
receber de outros. [...] Os mass-media podem ajudar-nos nisso, especialmente
nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem
precedentes. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de
encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de
Deus. No entanto, existem aspectos problemáticos: a velocidade da informação
supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma
expressão equilibrada e correta de si mesmo. [...] O ambiente de comunicação
pode ajudar-nos a crescer ou, pelo contrário, desorientar-nos. O desejo de
conexão digital pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem está mais
perto de nós. [...] Devemos, por exemplo, recuperar um certo sentido de pausa e
calma. Isto requer tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. [...] Não
basta circular pelas «estradas» digitais, isto é, simplesmente estar
conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro.
Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos de amar e ser
amados. Precisamos de ternura."
Referência: Mensagem do Papa Francisco para a XLVIII Jornada Mundial das Comunicações Sociais, 2014, excertos.
Referência: Mensagem do Papa Francisco para a XLVIII Jornada Mundial das Comunicações Sociais, 2014, excertos.
É PRECISO SEMEAR A PAZ COM A NOSSA CONDUTA
"Todos nós gostaríamos de conviver em harmonia e manter a paz de espírito, mas nos ambientes que frequentamos isso nem sempre é possível. As diferenças entre as pessoas provocam atritos constantes. E como somos inflexíveis em nossas crenças e opiniões, tudo indica que esses desencontros e choques sempre existirão. Isso não quer dizer que devamos deixar de pedir que a paz se propague no mundo inteiro. A Oração de São Francisco nos ensina a sonhar e a lutar pela paz. A paz em nossa casa, nas ruas, nas cidades e entre todas as nações. A paz, sobretudo, dentro de cada um de nós. O que nos falta muitas vezes é manter a serenidade diante das contrariedades e dos obstáculos, semeando a paz com a nossa conduta. Por que você acha que certas pessoas são capazes de permanecer de pé mesmo quando o "mundo desaba" e todos ao seu redor perdem a cabeça? Nada poderá nos abalar se estivermos em sintonia com o Deus da paz." (CAVALCANTE, PERISSÉ, 2013, p. 24)
Referência: CAVALCANTE, Anderson, PERISSÉ, Gabriel. A oração de São Francisco: fé, esperança e paz para uma vida feliz. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.
O DIÁLOGO IMPLICA SABER BAIXAR AS DEFESAS, ABRIR AS PORTAS DE CASA E OFERECER CALOR HUMANO
"O
diálogo nasce de uma atitude de respeito pela outra pessoa, de um convencimento
de que o outro tem algo de bom a dizer; implica abrir um lugar em nosso coração
para seu ponto de vista, sua opinião e sua proposta. Dialogar implica uma
acolhida cordial e não uma condenação prévia. Para dialogar é preciso saber
baixar as defesas, abrir as portas de casa e oferecer calor humano. São muitas
as barreiras que no cotidiano impedem o diálogo: a desinformação, a fofoca, o
preconceito, a difamação, a calúnia. Todas essas realidades configuram certo
sensacionalismo cultural que sufoca toda abertura em relação aos outros. E,
assim, ficam travados o diálogo e o encontro." (BERGOGLIO, SKORKA, 2013,
p. 12).
Referência: BERGOGLIO, Jorge, SKORKA, Abraham. Sobre o céu e a terra. Tradução Sandra Martha Dolinsky. São Paulo: Paralela, 2013.
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